Este mês na Maxmen, uma questão deveras idiota

Da depilação masculina às t-shirts cor-de-rosa


A primeira vez que ouvi falar no termo “metrossexual” veio à cabeça a imagem de um indivíduo que tem prazer em ver carruagens do metro da linha Amarela, em Lisboa, ou aquela no Porto que liga o Senhor de Matosinhos à estação da Trindade.
Também pensei que poderia ser alguém que se excitasse com mulheres anãs que não medissem mais de um metro de altura. Nada me faria pensar que a definição de “metrossexual” passaria por alguém que se preocupa com a sua beleza, que gasta tempo em manicures, pedicures, cabeleiros, compras ou massagens. Devo dizer que já perdi tempo com pedicures, nomeadamente com a Lídia, esteticista voluptuosa lá do bairro.
O metrossexual não consegue viver sem a melhor marca de hidratante, cremes e champôs. Produtos com nomes como Hidratante Sensitive for Men, Biotherm homme anti-rugas e até, pasme-se, Contorno Olhos Q10 Revitalizante… O único contorno de olho que uso é aquele quando me envolvo numa rixa desnecessária, geralmente na noite do Porto. Homem que é homem só usa um produto: Eau de la Torniére pour Homme. Quanto muito a este junta-se um pouco de “sabon blanc et bleu.”
“Ah, mas isso é um pensamento um bocado retrógrado”, diz o estimado leitor. Se fosse um pensamento “oldfashioned”, Zézé Camarinha não teria tido tanto sucesso. Basta ver. Luís Figo, metrossexual. Quantas mulheres se lhe conhece? Uma. Zézé Camarinha, homem com pêlos e tanga. Quantas mulheres se lhe conhece? Inglaterra e Holanda em peso, pelo menos.
Mas se usar cremes, vestir bem e andar cheiroso ainda se compreende, as recentes modas da depilação e das t-shirts cor-de-rosa voltaram a dar importância à questão da masculinidade.
Comecemos pela “descamação” da pele. Não há pior do que imaginar um casal, na casa de banho, de manhã. Ele com um pé no bidé, ela com outro na sanita e ambos a raparem as pernas com um sorriso e a trocarem ideias numa cumplicidade assustadora.

(continua na versão papel marrom)